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A comercialização de vinhos na pandemia e a estratégia da “uberização”

por Tony Cunha

Parafraseando Carlos Drummond de Andrade, no meio do caminho tinha uma pandemia, tinha uma pandemia no meio do caminho!

Sem que ninguém esperasse uma pandemia nos arrebatou e atingiu em cheio o mercado de vinhos. Milhares de empresas de alimentos e bebidas fecharam, vinícolas ficaram sem vender a nova safra e as lojas sem poder comprar nem vender – ninguém sabia o que viria nos meses a seguir.

Passado o susto inicial e muitas perdas financeiras, pessoais e profissionais, em que vários empreendimentos históricos decretaram falência e muitos empregos perdidos, os que souberam se reinventar estão não só sobrevivendo, mas também vendendo muito mais vinhos que antes. A pandemia, em alguns casos, acabou por impulsionar o negócio.

Destaca-se nesse cenário uma outra espécie de “pandemia”: em meados de 2019, iniciou-se um fenômeno de vendas de vinhos via WhatsApp, geralmente por pessoa física informal, o dito “camelô de vinhos”, uma espécie de “uberização” do comércio de vinhos. Algumas pessoas, umas profissionais de vinhos e outras influenciadoras, começaram a comercializar rótulos campeões de vendas com preços bem abaixo que os praticados por estabelecimentos formais, já que não têm os custos fixos que os empreendimentos precisam arcar.

Diante disso, os negócios formais mais antenados foram atrás de recuperar a clientela utilizando-se da mesma estratégia de vendas e, assim, conseguiram reduzir custos e oferecer preços melhores.

O vinho, por ser uma bebida saudável, gastronômica, de encontro e de confraternização mais íntima, transformou-se no novo queridinho dos lares brasileiros. O mercado está em alta no país, principalmente para o vinho brasileiro, impulsionado um pouco pela alta do dólar e também por uma campanha iniciada durante a pandemia “compre do local, compre dos pequenos”, mas ainda estamos engatinhando em relação à quantidade consumida por pessoa, se comparados a determinados países.

Mas o importante, mesmo, é esse significativo aumento de consumo de vinho brasileiro, visto que não deixa nada a desejar frente aos melhores no mundo.

Temos vinhos bons, sim, e ponto final!

Vinho brasileiro não é caro! O que sai caro é o nosso complexo de vira lata, de achar que só o que vem de fora é que tem “pedigree”.

Tony Cunha

Sommelier e Proprietário da D.O.C. Vinhos Gastrô

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