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Dupla Poda: Como Essa Técnica Está Transformando a Viticultura Brasileira

por Redação

Dupla Poda: Como Essa Técnica Está Transformando a Viticultura Brasileira

A viticultura brasileira tem passado por uma verdadeira revolução graças à técnica da dupla poda, também chamada de poda invertida. Essa inovação permitiu que regiões com climas antes considerados inadequados para a produção de vinhos finos agora se destacassem no cenário nacional e internacional.

Brasília é um dos exemplos mais promissores desse movimento, consolidando-se como um novo polo vitivinícola brasileiro, ao lado de Minas Gerais e de outras regiões que adotaram essa metodologia.

O Ciclo Tradicional da Videira

No modelo convencional, a videira segue um ciclo natural de crescimento e frutificação, adaptado a climas temperados:

  1. Brotamento – Início da primavera, quando surgem novos ramos e folhas.
  2. Floração e Frutificação – Ocorre na primavera e início do verão, quando as flores dão origem aos cachos de uva.
  3. Maturação e Colheita – Acontece no final do verão e início do outono, momento ideal para vinificação.
  4. Dormência – Durante o inverno, a planta perde suas folhas e entra em um estado de repouso.

Esse ciclo natural funciona bem em regiões tradicionais produtoras de vinho, como no Sul do Brasil. No entanto, em estados com verões chuvosos e invernos secos, como Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, a colheita convencional enfrentava desafios.

O Que é a Dupla Poda?

A técnica da dupla poda altera o ciclo produtivo da videira para que a colheita ocorra no inverno e não no verão. O processo consiste em:

  • Primeira poda (verão): No período tradicional de frutificação, a videira é podada drasticamente, impedindo a floração e estimulando um novo ciclo vegetativo.
  • Segunda poda (início do outono): A videira cresce novamente e frutifica durante o outono e inverno. Com isso, a colheita ocorre entre junho e agosto, período seco, ideal para o amadurecimento das uvas.

Esse método evita o impacto das chuvas de verão e permite a produção de vinhos de alta qualidade em regiões antes consideradas impróprias para a vitivinicultura.

Regiões Produtoras que Utilizam a Dupla Poda

A técnica da dupla poda se consolidou especialmente em:

Minas Gerais

Pioneira no uso da dupla poda, Minas Gerais se destacou com vinhos de excelente qualidade, especialmente na Serra da Mantiqueira. A uva Syrah se adaptou particularmente bem, gerando vinhos elegantes e equilibrados.

Goiás

O estado vem investindo cada vez mais na técnica, explorando variedades como Syrah, Tempranillo e Cabernet Sauvignon.

Distrito Federal (Brasília)

Brasília tem se tornado um novo polo vitivinícola nacional. A Vinícola Brasília, formada por dez vinhedos no PAD-DF, é um exemplo desse crescimento. A técnica da dupla poda foi essencial para a região, permitindo a produção de vinhos finos como o Monumental Syrah, que se destacou entre os melhores do Brasil​

Outras vinícolas, como Casa Vitor, Horus e Villa Triacca, também adotaram a técnica e estão investindo no enoturismo, atraindo visitantes para degustações e experiências imersivas​.

São Paulo, Bahia e Espírito Santo

Outros estados também estão experimentando a dupla poda, buscando ampliar a produção de vinhos de qualidade fora das regiões tradicionais do Sul do Brasil.

Vantagens da Dupla Poda

  • Qualidade das uvas: As uvas amadurecem no inverno seco, garantindo maior concentração de açúcares e polifenóis.
  • Menos pragas e doenças: A colheita no inverno reduz problemas causados por umidade excessiva.
  • Expansão do cultivo de vinhos finos: Regiões antes inexploradas agora podem competir com tradicionais polos vinícolas.
  • Estímulo ao enoturismo: Novas vinícolas impulsionam o turismo e a economia local.


Conclusão

A dupla poda é um divisor de águas na viticultura brasileira, possibilitando a produção de vinhos finos em estados como Minas Gerais, Goiás e Brasília. A capital federal, em especial, tem se destacado com vinícolas que vêm ganhando reconhecimento e atraindo enoturistas.

O crescimento da técnica mostra que o Brasil tem um enorme potencial para consolidar novas regiões produtoras e elevar ainda mais a qualidade de seus vinhos no cenário mundial.


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